Retirar sucesso na procura da evolução
"...quando era novo era gordinho e a falta de velocidade fê-lo desenvolver a inteligência de jogo."
Excerto retirado de um introdução referente à entrevista de João Mário ao Expresso.
Os gordinhos, os mais frágeis, os lentos e os baixinhos, aqueles que pela sua morfologia são incapazes de resolver com base nos atributos físicos são, de forma natural, estimulados a melhorar outros aspetos do seu jogo.
Todos nós conhecemos aquele lingrinhas a quem roubar a bola se tornou missão quase impossível. No choque perde sempre mas a bota tem cola, aprendeu a protegê-la, de forma exímia, dos adversários.
Existem inúmeros jogadores com este perfil, que perdem horas de prática, para aqueles que decidem jogos. Os que marcam e festejam mais. Para este jovens não será fácil encarar o treino, se o treinador não os perceber.
Entendendo as suas virtudes e nunca abdicando deles, a evolução física surgirá e nessa altura, estarão muitos passos à frente daqueles que os derrubaram nos primeiros tempos.
Mas isto significa que os fortes e os rápidos estão condenados a ser somente isso? Não.
Perante aqueles que usam e abusam dos seus atributos físicos para resolverem jogos, precisamos de intervir.
À priori, pode parecer algo contraditório intervir em algo que lhes garante sucesso...
No entanto, faz todo o sentido se quisermos desenvolver ao máximo os nossos futebolistas.
Certamente, já se terão deparado com algum jovem que encontrou na sua velocidade uma arma viciante. A forma como ele faz uso dessa sua característica fê-lo esquecer-se da importância do drible.
O sucesso dele baseou-se de tal forma neste tipo de lances que a sua qualidade de drible se perdeu...agora existem apenas mudanças de velocidade.
Obviamente que devemos intervir. Retirem-lhe espaço e, se ele for forte e alto, coloquem-no em situações de inferioridade numérica. Não será estimulado de forma natural, mas será condicionado de tal forma que terá de desenvolver outros recursos para solucionar os problemas criados.
Bruno Fidalgo