O caminho do espetáculo
- codigofutebolistico
- 16 de jun. de 2015
- 2 min de leitura

Foi ontem, no Chile 3 - 3 México. Assisti na na TVI24, a uma narração intensa, apaixonada mas completamente descontrolada.
O jogo era o espelho da performance de Bruno Ferreira, o comentador que relatou a partida. Vibrante, entusiasmante mas altamente descontrolado.
A tática não interessa, não há estratégia que valha, bola para frente e que brilhem os artistas, bons cruzamentos para...ninguém, foram alguns dos comentários ouvidos durante a partida.
Completamente embebido no espírito do jogo, o narrador chegou a dizer que nem sequer interessava quem tinha acabado de entrar na partida.
O público, na sua maioria, julgo que adorou. Diminui o som da televisão mas adorou.
Fui dar uma olhadela nas opiniões sobre o relato e muita gente se sentiu aliviada por não ter de ouvir teorias e análises táticas...queriam era emoção. Entendo, mas não concordo. Eu, que quero perceber o jogo, agradecia que alguém me ajudasse...não o relatador, mas pelo menos, o comentador! Se queremos que o público perceba o jogo, convinha que nos jogos alguém o explicasse.
O problema, e julgo que este é cada vez mais visível, é que as pessoas querem um jogo diferente do dos treinadores. As pessoas amam o futebol mas não vibram com a forma de jogar que muitos preconizam.
A desorganização, espelhada nas oportunidades constantes, a velocidade, a pressa e a garra, são as principais caraterísticas de um futebol apaixonante....para o público em geral.
É uma tendência da sociedade, queremos tudo depressa demais, não há paciência para pausas e relaxamentos. Queremos tudo rápido e já não nos seduzimos por aquilo que é arrumado e excessivamente organizado.
O público quer golos, ataques constantes...o público quer 2-2, 3-3, 4-4 e o Bruno Ferreira em êxtase a cada variação de flanco.
E nós treinadores, queremos o que? Vamos querer o quê?
A beleza está nos olhos de quem a vê....e o que me deixa mais tranquilo, é que os apaixonados pela desordem, são os mesmos que exigem resultados...e a pressa, essa, ainda é inimiga da perfeição.
Bruno Fidalgo