Os recursos, o contexto e o pragmatismo
- codigofutebolistico
- 27 de mai. de 2015
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“ Eu fui médio centro. Quando jogava, era médio centro e a pior coisa que me podiam dar era ver a bola a andar por cima de mim, a passear, sem eu tocar nela.
Gostava de tocar na bola e de jogar. Aquilo que eu mais quero é jogar, jogar bem e ter qualidade no jogo. Mas outra coisa é nós também termos a capacidade de percebermos os recursos que temos à nossa frente e ao mesmo tempo o contexto onde estamos inseridos.
O Vitória precisava de ter alguma estabilidade antes de ter um treinador inventor, nos anos anteriores, precisava de ter segurança, precisava de não correr tantos riscos.
Eu se calhar podia ser inventor e querer estar sistematicamente a sair por trás...até poderia ter funcionado bem...mas queria que acima de tudo, que fosse uma equipa consistente porque o Vitória não podia cair, porque a salvação do Vitória passava pela permanência na principal liga.
Se eu não fui trauliteiro quando jogava, também não quero ser trauliteiro agora. Portanto, assim que possa, o meu tipo de jogo, aquilo que eu gosto e que eu desejo, é aquilo que a maioria das pessoas gosta: uma circulação dinâmica no jogo, uma alegria no jogo, uma disponibilidade constante para ter linhas de passe e manter a bola, uma agressividade defensiva. Isso é aquilo que eu imagino.
Mas também, não me fica nada mal, dizer, que nos primeiros anos, tive de ser pragmático, objetivo, porque também pensei que para termos sucesso não precisávamos de um treinador inventor, de um treinador lírico.
Precisavam de um treinador consciente daquilo que o Vitória necessitava.” Rui Vitória, ao programa da RTP, Grande Área
Também é isto. Também é muito isto, o trabalho de um treinador.
Nem todos querem, mas os que querem, têm de perceber que nem sempre irá dar.
Bruno Fidalgo