Um craque...que pensa!
- codigofutebolistico
- 19 de mai. de 2015
- 2 min de leitura

"Quando foi ao seu treino de captação, diz Guardiola que pensou mas como vão reparar em mim, se não sou veloz, não finto, sou magro, não remato e só faço passes? Repararam. Porque o olheiro era sensível à…inteligência." em Planeta do Futebol
Há já bastante tempo, li um artigo que dizia que os adeptos preferem as "loiras". Falava do lado estético do jogador e da impressão que este causa no adepto.
No Domingo passado, atraído pela ginga de um jovem jogador, lembrei-me desse texto de Luís Freitas Lobo.
O cabelo loiro, os caracóis rebeldes seguros pela fita no cabelo, captavam a atenção do público... meias puxadas até ao joelho, t-shirt para fora...pinta até dizer chega. Primeiros toques na bola e, facilmente, captou a minha atenção.
O adepto tem esta tendência, mesmo que involuntária, de se encantar, com maior facilidade, por este tipo de jogadores. Devido à descontração do momento, deixei-me levar na onda.
Lembrei-me do artigo e comecei a por algumas reticências.
Uns dribles engraçados, mudança de velocidade interessante e um bom remate. Já dava para lhe atribuir um "muito bom".
O que vi despertou-me curiosidade. O miúdo, jogador do escalão de infantil, tinha a bancada a seus pés. O público gostava do que via e, rapidamente, fixou a sua cara.
Fui ver outro jogo dele. Através de um olhar mais atento percebi...não se tratava de mais um tecnicista com boa capacidade de drible e bom remate, tinha algo mais. Tinha algo diferenciador. Pensava!
E como pensava...
Bola na esquerda, destro, puxa para dentro com um drible dos seus, mete velocidade e, ainda longe, enquadra com a baliza...já só pensava no golaço que iria ver. Enganei-me, bola redondinha ao segundo poste, passe milimétrico para isolar o colega que falhou, mas o lance foi de génio.
O recital continuou...atrair, fixar, libertar no tempo correto. Criatividade, imaginação, rebeldia, ousadia e muito altruísmo! Tão fabuloso a descobrir linhas de passe como no 1x1. Encantador.
Havia ali dedo do treinador, certamente. Não era inibido nem tinha a ação limitada...era "só" um miúdo inteligente que analisava bem os contextos.
Este não engana e será fácil de descobrir. Adeptos e olheiros, estarão de acordo, é craque.
A questão é que nem todos são "loiras", nem todos têm pinta, nem todos são rápidos e fortes, nem todos são dribladores, etc.
Escondidos, passando despercebidos por não terem estilo ou grandes atributos físicos, estão, por vezes, grandes craques. E são esses que custam a encontrar:
Os inteligentes.
Bruno Fidalgo