Pequenos homens
Neste fim de semana, tive a oportunidade de assistir a um torneio de traquinas. Muitas equipas, muitos jogos, bons momentos de prática para os jovens.
O contexto era simples, 3x3 em espaço reduzido. Num pelado irregular, todas as ações técnicas eram desafiantes.
O 3x3, garante participação ativa e constante por parte de quem joga. Com a utilização de GR, facilmente, a situação se tornava num 3x2, no momento de atacar a baliza adversária. Ótimo para os jovens futebolistas.
Tudo certo até então. Jovens com pouco tempo de prática, quase nulo em competição este ano, disputavam um torneio bastante interessante.
Na bancada, os pais, claro. Cheios de vontade de ver os filhos brilharem e ganharem, rapidamente, juntaram pressão à situação.
Ao fim dos primeiros jogos, já se faziam contas, faltavam as máquinas de calcular, mas não faltaram os avisos. "Temos de marcar pelos 6 para passar!", "Afinal basta só ganhar!", etc.
Fase seguinte; procura incessante pelos regulamentos que validassem as contas. A fase de grupos estava a acabar e os treinadores uniam-se aos pais, na pesquisa de respostas.
Durante os jogos, as dicas constantes, já nem são notícia.
Para a grande maioria, os resultados foram frustantes. Sim, resultados! Na cabeça dos mais fanáticos, é impensável dar minutos de jogo aos menos capazes, abdicando daqueles que garantem o sucesso.
No final, ganhou a equipa do treinador que entrava no campo aos berros, a cada 10 segundos. "Sobe car****!" era o lema do novo Mourinho!
Na bancada, a desilusão estava espelhada na cara dos mais velhos...nada tinha valido a pena. Os treinadores franziam a sobrancelha e mantinham o rosto fechado. Os pais, há muito que sentiam que o tempo de ir embora já tinha chegado.
Enquanto isso, não muito longe, os míudos "derrotados" já não se lembravam de nada. Procuravam uma senhora vestida de palhaça, que os brindava com balões em forma espadas, pistolas e outras coisas que os alegravam.
Afinal, havia alguém que sabia que o torneio era para os miúdos...era futebol, mas era para miúdos.
Bruno Fidalgo